“Terra Nova”: superprodução comparável à “Lost” ou blockbuster genérico para televisão?



Uma opinião honesta e livre de spoilers sobre os primeiros episódios do seriado mais antecipado do ano.

Desde que as primeiras informações sobre “Terra Nova” caíram na internet, todos criamos expectativas burlescas sobre o que estava por vir. Fãs de Steven Spielberg ou aqueles que apenas estava a fim de acompanhar uma série continua, amantes de ficção científica e telespectadores casuais que se encantaram com a natureza de “Avatar”: o projeto misterioso da Fox tinha um charme especial para cada tipo de público.
E então os primeiros trailers saíram e vimos que a coisa não era bem assim. A história parecia ser ingênua demais e os tão comentados dinossauros mal apareciam. Duas preocupações que, lamento dizer, se tornaram realidades.
Antes que você deduza pela afirmação acima que eu detestei “Terra Nova”, devo dizer que eu gostei bastante do que foi apresentando, em suas devidas condições. O inconveniente é que os poucos problemas são pesados demais para serem simplesmente ignorados.

Se não tem remos, não entre em um caiaque

Comparado com seriados, produzir um daqueles longas-metragens recheados de efeitos especiais não é um negócio tão caro para um estúdio. Afinal de contas, blockbusters hollywoodianos que exageram na computação gráfica em geral não possuem mais do que duas horas de duração. Agora, bancar um seriado com mais de 15 horas lotado de efeitos visuais já não é mais tão barato assim.
Daí surgem duas soluções, que em “Terra Nova” se tornaram seus pontos fracos: com exceção de uma ou outra vez, os dinossauros, que deveriam ser o grande chamariz da atração, são raramente focalizados. As cenas que demandariam mais dos répteis gigantescos se passam no escuro ou com eles atrás de cercas gigantes, enfim, qualquer artimanha que diminua o trabalho dos artistas digitais e consequentemente o gasto com eles.
A segunda saída dos produtores foi montar um roteiro que focasse unicamente no desenvolvimento dos personagens, deixando em segundo plano o mundo fantástico que eles passaram a habitar. Em outras palavras, imagine se 85% de “Avatar” se passasse na colônia humana em Pandora. Não seria muito agradável saber que existe um cenário maravilhoso lá fora e nós somos obrigados a acompanhar dramas familiares dentro de um local que poderia muito bem ter sido filmado na chácara do seu tio, não é mesmo?

Dinossauros por lebres
A Fox criou “Terra Nova” sabendo que não conseguiria viver à expectativa. Então eles apelaram para o enredo como se um feirante dissesse que tinha as maçãs que você pretendia comprar e, chegando lá, tentasse lhe empurrar laranjas. Com todos os pontos perdidos na decepção, só me resta responder a uma pergunta: pelo menos as laranjas estão gostosas?
Bem, sim, principalmente se você tiver 12 anos de idade. “Terra Nova” não está interessado em criar conflitos complexos entre os personagens (como prova o filho do protagonista revoltado sem motivo aparente) nem gerar mistérios que prendam o telespectador na frente da telinha (como prova a resolução do primeiro grande mistério da série logo no final do segundo episódio). A intenção aqui é simplesmente mostrar uma aventura, no sentido mais ralo da palavra. Novamente, insisto em dizer que isto não é necessariamente algo ruim. Tudo depende do que você procura.

Se está pretendendo começar a acompanhar um seriado revolucionário desde seus primeiros episódios, ele não foi feito para você. Já se o que quer é apenas um pinguinho de intrigas e tiroteios um tanto que despropositados após um dia cansativo preso no escritório, então “Terra Nova” pode ser exatamente aquilo o que estava procurando.
Vale relembrar que toda esta resenha foi baseada apenas no que pude presenciar nos primeiros episódios. Quem sabe a trama não engata um rumo mais audacioso ao longo da temporada?
Eu fico por aqui, com dedos cruzados esperando ansiosamente que este seja o caso.
Por Luis Andion


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